A noite de quarta-feira (14/3) foi de profunda tristeza e indignação. A notícia do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista que a acompanhava, Anderson Pedro Gomes, chocou o Rio de Janeiro e o Brasil e teve repercussão internacional. Recentemente, Marielle denunciou abusos de policiais do batalhão que mais mata no Rio, fato que naturalmente já baliza as linhas de investigações. O crime tem todas as características de execução premeditada.
Atos no Brasil e no mundo
Durante toda a quinta-feira (15/3) multidões tomaram conta das ruas do Rio de Janeiro em repúdio ao crime político. Na vigília, ao longo do dia na Cinelândia, o clima de comoção era intenso. Apesar da profunda tristeza, milhares de pessoas encontraram forças para dar uma resposta. No fim da tarde, houve uma nova concentração na ALERJ. A multidão em torno de 50 mil pessoas caminhou até a Cinelândia, lotando a praça pública. No domingo (18/3), na Maré, manifestantes caminharam prestando homenagem. Em São Paulo, o luto por Marielle e Anderson se juntou à passeata dos profissionais da educação em greve, que foram no dia anterior espancados pela PM de Alckmin, formando uma grande multidão na Avenida Paulista. Atos ocorreram em todo o país e em diversas cidades do mundo. No Parlamento Europeu, dezenas de parlamentares protestaram, exigindo contundência nas investigações e suspensão de acordos comerciais com o Mercosul até que haja o fim da violência e da intimidação contra a oposição política e dos defensores dos direitos humanos.
Marielle foi uma brava e corajosa militante na luta dos direitos humanos, das mulheres e da população negra. No último período, seu mandato se destacou pela denúncia e fiscalização da intervenção federal e da violência policial nas favelas do Rio de Janeiro. Esta ação incomodou os governos, que promoveram um envio das tropas do Exército que somente gerou mais violência e miséria nas comunidades, gastando milhões que poderiam ser revertidos para saúde, educação e moradia. Um mês após a intervenção federal para supostamente "custodiar e cuidar da violência" fora de controle no Rio de Janeiro, uma valorosa militante e vereadora de PSOL e o motorista que a acompanhava foram barbaramente executados.
É necessário ocupar as ruas e exigir investigação contundente, identificação e punição dos criminosos. Nas ruas, os manifestantes questionavam a intervenção federal e gritavam “intervenção é farsa”. A intervenção não atacou nenhum problema real da violência, que seguiu crescendo. É preciso exigir o fim da intervenção e que o dinheiro gasto nesta ação teatral e sem utilidade seja revertido nas áreas sociais, emprego, saúde, moradia e educação, criando oportunidades para a juventude pobre das favelas e periferias.
Está marcada uma nova manifestação para terça-feira (20/3), 17 horas, na Candelária.