Reunida em Assembleia (9/1) e diante do cenário de corte de ponto anunciado pelo reitor Antonio Claudio da Nóbrega, para evitar novos prejuízos aos servidores, a categoria por maioria deliberou pela suspensão da greve e organizar o retorno imediato ao trabalho. A assembleia lotou o auditório da Faculdade de Economia.
A luta pelas 30 horas e demais pontos da greve não se encerra. Pelo contrário, uma nova Assembleia (29/01) e reuniões setoriais serão convocadas para encaminhar iniciativas de luta setor a setor, unidade a unidade, construindo outros instrumentos de pressão para impedir o aumento da carga horária.
Diante da intransigência e judicialização da greve por parte da reitoria, da pressão e do assédio aos novos funcionários e do esvaziamento da universidade decorrentes do recesso, a Assembleia avaliou que, nesse momento, não há condições suficientes para enfrentar o corte de ponto e manter a greve. Dessa forma, será necessário avançar na luta por outros meios, com o objetivo de manter a mobilização pelas pautas da categoria e seguir o enfrentamento aos ataques da reitoria através de atos, operação-padrão, paralisações locais e calendários nacionais de mobilização como a construção das manifestações do dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, deliberação esta aprovada na assembleia, que encaminhou ainda apoio aos terceirizados da UFF que estão com salários atrasados e a construção de uma atividade em defesa do direito de greve, um importante ato dos servidores no Conselho Universitário (CUV), no dia 30/1, tendo como pautas centrais o enfrentamento ao corte de ponto, defender 30 horas, concurso público para 230 vagas ao Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP) e a manutenção do reposicionamento dos aposentados.
Uma greve que enfrentou a intransigência e as falácias do reitor
Foram 90 dias de greve e intensa luta, com diversas atividades, reuniões, panfletagens e assembleias, construídas com ampla unidade. O Departamento Jurídico e a comunicação do sindicato estiveram a pleno vapor para, de forma permanente, informar as atividades da greve e abastecer a categoria de informações que contrapunham as alegações utilizadas pela reitoria para justificar o não atendimento da pauta e o ataque judicial à greve.
O índice de paralisação foi bastante alto, a ponto do reitor recorrer aos expedientes da judicialização e do corte de ponto. A categoria foi empurrada para greve pelo estelionato eleitoral do reitor, que prometeu durante sua campanha defender radicalmente as 30 horas, mas logo que empossado seguiu quebrando o acordo firmado em 2016. A reitoria protelou ao máximo a publicação oficial do texto construído consensualmente na Comissão Paritária que garantia 30 horas dentro da legalidade. Assim, o ex-reitor Sidney Mello e seu sucessor Antonio Claudio Nóbrega ganharam tempo até que surgisse um questionamento do Tribunal de Contas da União (TCU) referente a 2016. O TCU jamais versou sobre o texto da comissão finalizado em 2018, já que este nunca esteve em vigor. A reitoria valeu-se de forma anacrônica do questionamento do Tribunal , sem apresentar defesa das 30 horas, como artifício para impor a política da reitoria e dividir a categoria em duas jornadas de trabalho distintas.
Além da pauta do cumprimento do acordo das 30 horas, a greve tinha como pontos a realização de concurso público para o HUAP, utilizando as mais de 230 vagas ociosas; e o respeito à decisão do CUV (9/7/08) que garantiu o reposicionamento dos aposentados. Ao longo da greve, o SINTUFF demonstrou com segurança que todos os itens eram possíveis de ser atendidos dentro da legalidade e sem qualquer prejuízo à instituição caso houvesse vontade política da reitoria. Infelizmente, as audiências de negociação foram um verdadeiro laboratório de alegações jurídicas descontextualizadas, anacrônicas, unilaterais e sem linearidade por parte da reitoria.