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Assembleia Comunitária lotada aprova calendário de lutas


A comunidade universitária da UFF lotou os pilotis do ICHF na Assembleia Comunitária (21/8) convocada institucionalmente pela UFF, por deliberação do Conselho Universitário, por ADUFF, DCE e SINTUFF. Estiveram presentes representantes do ANDES-SN, da UNE e da FASUBRA. As coordenadoras Bernarda Thailania e Lucia Vinhas representaram o SINTUFF. A reitoria esteve representada pelo pró-reitor de Planejamento.

Reitoria se omite e deixa janela aberta para futura adesão ao Future-se

O reitor e o vice-reitor não compareceram, assumindo outras prioridades que não a defesa unitária da universidade pública frente aos ataques do governo federal. O pró-reitor de Planejamento, Jailton Gonçalvez Francisco, representou a UFF e justificou as faltas, alegando que o reitor Antonio Claudio estava em Brasília e o vice-reitor Fabio Passos de férias. Sobre o Future-se, o pró-reitor afirmou : “ocorre que o grau de incerteza desse programa é de tal ordem que nós não temos o que discutir, o que debater”. Apesar de falar das inconsistências e problemas legais do Future-se, o pró-reitor declarou que “nós ainda não tomamos essa decisão” sobre se a UFF tem posição contrária ou favorável ao programa, omitindo que o CUV já aprovou de forma unânime o repúdio ao projeto. A falta de posição da reitoria e o discurso que não há subsídios suficientes para manifestar rejeição ou apoio ao Future-se incomodou os presentes. Jailton mencionou que “hoje nós estamos sofrendo um ataque direto do governo a respeito dos cortes de recursos” e a seguir completou: “esse é o último mês que nós temos recursos para funcionamento”. Apesar desse quadro, o reitor em vez de se somar à comunidade universitária na luta contra esses cortes, se recusa a comparecer a qualquer iniciativa conjunta com a comunidade universitária, priorizando uma relação colaborativa com esse governo que quer o fim da Universidade Pública.

A postura da reitoria tem sido similar à demonstrada durante o processo de aprovação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), quando durante o período se resumiam a questionar os problemas legais deste modelo para depois bancar a adesão ao mesmo, à revelia da comunidade universitária, que rejeita amplamente esse modelo. Para tanto, a reitoria se valeu de muita repressão policial e arbitrariedades na condução do Conselho Universitário. Agora agem de forma similar, sem apresentar posição contrária e deixando a porta aberta para uma futura adesão, caso sanadas as “inconsistências” e os problemas legais do programa, fugindo de debater o conteúdo privatista do Future-se.

Future-se, um paralelo com a EBSERH

Bernarda Thailania, coordenadora do SINTUFF, teceu uma crítica contundente à Emenda Constitucional (EC) 95 que limita investimentos no serviço público, responsabilizando a mesma por dificultar o acesso e permanência na universidade à população negra, pobre e oriunda de escola pública. Bernarda traçou um paralelo entre as Organizações Sociais (OSs) e o Future-se. “As OSs acabaram com a saúde pública no Rio de Janeiro e a mesma coisa vai acontecer aqui com o Future-se”. A coordenadora do SINTUFF lembrou que o processo de adesão da UFF à EBSERH seguiu a mesma lógica. “A EBSERH tirou a autonomia da universidade em um espaço que era de ensino, pesquisa e extensão. Não tem ‘dinheiro novo’ para a EBSERH, não tem ‘dinheiro novo’ para o Future-se”, frisou. Bernarda questionou a falta de posicionamento da reitoria frente ao programa do governo. “O que a reitoria quer? Ela quer defender o ensino público de qualidade? Ou ela quer abrir as portas para a privatização?”. A coordenadora cobrou da reitoria a efetividade do abono do dia 13/8. “Foi aprovado pelo CUV que, no dia de luta nacional em defesa da educação, todas as faltas de docentes e técnico-administrativos seriam abonadas e até hoje nós não temos uma resposta da reitoria”. Por fim, criticou a ausência do reitor. “Eu esperava que a reitoria estivesse aqui lutando e dizendo não ao Future-se”.

Lúcia Vinhas, da Coordenação do SINTUFF, explicitou que “vem acontecendo um processo de difamação da universidade, que é uma coisa planejada”. E prosseguiu: “eles (do governo) estão brigando porque a universidade é o centro da produção do conhecimento, onde você vai aprender a questionar. O questionamento das pessoas é uma coisa muito perigosa para esse governo”, observou. Lúcia ressaltou que o Future-se é “uma transferência de um patrimônio do povo para uma entidade particular, que tem um conselho gestor externo à universidade. Acaba a autonomia, acaba a carreira docente, acaba a carreira dos técnico-administrativos, e a gente vê um representante da reitoria vir aqui dizer que o problema é que ‘não tem consistência, a gente nem pode julgar’. Já está tudo claro lá, tudo pontuado, inclusive as leis que serão modificadas. Então a gente tem que repudiar”. E manteve o tom crítico sobre a postura da gestão da UFF. “Enquanto a reitoria fala que não tem verba, teve dinheiro para instalar o ponto eletrônico para os técnico-administrativos, para levar a gestão da universidade a participar de congressos no exterior, mas não tem verba para quitar a conta de luz, para pagar as bolsas dos estudantes. É mais uma instância que está nos enganando. Querem mostrar uma situação para depois fazerem foi com a EBSERH dizendo ‘olha, fomos obrigados a aceitar’”.

Representando o ANDES-SN, Eblin Farage fez uma cobrança incisiva por uma posição da reitoria sobre o Future-se, também traçando um paralelo com a EBSERH. “Sinceramente nós esperamos que a UFF não entre mais uma vez para a história fazendo uma vergonha nacional como fez no caso da EBSERH, que tirou de dentro da universidade a votação e colocou a polícia para nos impedir de entrar”.

Falas destacaram a importância da unidade e da mobilização

Nina Tedesco, presidente da ADUFF, iniciou sua fala mencionando que a realização da Assembleia Comunitária da UFF “não foi fácil de conquistar e, ao contrário do que ocorreu em outras universidades, aqui precisou de uma certa articulação e insistência”. Em seguida, Nina enalteceu “que o CUV teve a sensibilidade de, num momento dramático como esse, entender que Assembleias Comunitárias são fundamentais, pois só através da unidade de docentes, de técnicos, estudantes e do apoio da sociedade é que nós vamos conseguir algum tipo de saída”. A presidente da ADUFF explicou a lógica do projeto do governo para as universidades públicas. “Quando esse governo vem e nos impõe cortes de em torno de 30%, ele está inviabilizando o nosso funcionamento, de propósito. E o que ele oferece como solução? O Future-se. Só falta vir com aquele slogan ‘seus problemas acabaram’, ironizou.”

Em nome do DCE-UFF, João Marcos enfatizou que o governo tem medo da educação por esta ser um instrumento de mudança no país, já apontando mobilizações que serão convocadas unitariamente em defesa da universidade pública. “É importante que a gente mantenha esse espírito de luta, de garra e continuar atento na mobilização”. Marcos Felipe Teixeira, também do DCE, frisou que a universidade pública “é o nosso espaço que está sendo atacado, é o nosso direito que está sendo atacado”. Depois completou reforçando a importância de avançar na luta. “Isso nos deixa muito triste, mas temos que transformar essa tristeza em muita luta”.

O presidente da UNE, Iago Montalvão ressaltou a posição da entidade sobre o Future-se. “A UNE já tem posição, inclusive com uma carta assinada por mais de 200 entidades estudantis de todo o Brasil negando esse projeto”. “Não há debate sobre universidade pública possível sem que orçamento universitário seja garantido”. Iago destacou que o governo ao paralisar as pesquisas com os cortes de verbas está “destruindo a ciência e a tecnologia do nosso país”.

Carlos Abreu, em nome da FASUBRA, “eu sinto muito que o nosso reitor não esteja aqui dizendo que falta dinheiro para depois do mês de agosto e, mesmo assim, não querendo se envolver na luta contra o Future-se”. Por fim, Abreu destacou a posição da Federação contrária ao Future-se.

Assembleia aprova rejeição ao Future-se e atos unificados

Após as falas das entidades, dos diversos coletivos e do plenário, a Assembleia Comunitária da UFF rejeitou por unanimidade o Future-se. A Assembleia deliberou ainda um calendário de mobilização que inclui um ato no dia 4 no CUV, participação no Grito dos Excluídos no dia 7 de setembro e uma nova manifestação em defesa da UFF, contra os cortes orçamentários e pela rejeição do Future-se, no dia 18 de setembro. Foi decidido ainda propor que FASUBRA, ANDES-SN e UNE construam um calendário de luta nacional unificado.

Foto: Jesiel Araujo

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