As mobilizações do 29M colocaram na ordem do dia a oportunidade da classe trabalhadora, da juventude e dos movimentos sociais impulsionarem uma ofensiva contra Bolsonaro e suas políticas negacionistas e de ataque aos direitos. Contudo, essa mobilização ocorreu a despeito de movimentações contrárias e hesitações das maiores centrais sindicais brasileiras em relação à mobilização. Isso explica a participação reduzida e dispersa das mesmas nos atos do 29M. Por exemplo, notas como a da CUT Nacional, sob justificativa dos necessários cuidados sanitários, acabaram mais por desestimular a participação das pessoas do que ajudaram a convocar os atos do dia 29, fato que gerou controvérsia dentro da própria central.
Para o dia 19 também se verifica desigualdades na convocação dos atos. Em todas as partes do país há ações de mobilização para uma grande manifestação nesta data. Contudo, vimos convocações e publicações das maiores centrais (CUT, CTB, Força Sindical) que destacavam mais as ações de mobilização do dia 18 que os próprios atos do dia 19. Evidentemente é correto ter atividades prévias de mobilização para construir o 19M. Contudo causa estranheza que se convoque com mais ênfase ações de mobilização para os atos do que os próprios atos em si.
A central a qual o SINTUFF é filiado, a CSP-Conlutas, corretamente vem mobilizando com centralidade no dia 19, inclusive realizando plenária de mobilização e ações convocatórias nesse sentido. A CUT, corretamente, passou a dar destaque ao 19J nos últimos dias. Já a CTB segue dando ênfase maior às atividades do dia 18, assim como a Força Sindical, que sequer menciona a existência dos atos de 19. Está correto realizar atividades de mobilização como as do dia 18 (a própria CSP-Conlutas participa disso), contudo é preciso estar claro que os atos centrais são no dia 19, para evitar que se disperse o esforço de mobilização.
Restando dois dias para a realização do ato, o SINTUFF segue cobrando que, assim como faz a CSP-Conlutas, as centrais sindicais brasileiras, especialmente as que estão em oposição declarada ao governo como CUT e CTB, joguem toda energia e centralidade na convocação dos atos de 19 de junho, sem criar confusões sobre datas ou produzir notas que, sob o pretexto dos imprescindíveis cuidados sanitários, acabem por desarticular em vez de incentivar a participação da classe trabalhadora na luta pelo Fora Bolsonaro.
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