
Em audiência com a reitoria da UFF e a superintendência do Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP) nesta quarta-feira (19), o SINTUFF tratou de temas essenciais para os(as) servidores(as) da unidade, com a presença do vice-reitor Fabio Passos, da superintendente Veronica Alcoforado e de outros(as) representantes da gestão da UFF e do hospital . Foram debatidos o Programa de Gestão e Desempenho (PGD), a convocação de servidores(as) para atendimento no ambulatório aos sábados, as condições estruturais do hospital, o abono de faltas da greve, a Folga MARE, a prioridade de acesso ao atendimento, a fixação de faixas no HUAP e o atendimento de servidores(as) e dependentes encaminhados pelo serviço médico da UFF, conhecido como SAME.
Atendimento aos sábados
Um dos pontos mais sensíveis da audiência foi a convocação de servidores(as) para o atendimento aos sábados no ambulatório, especialmente no setor de endoscopia. A superintendência justificou a medida pela necessidade de reduzir a longa fila de pacientes, muitos deles com doenças graves. O SINTUFF alertou sobre relatos que os(as) servidores(as) RJU estariam sendo escalados(as) sem consulta prévia, o que, na prática, configuraria convocação compulsória. “Nós fomos informados que apenas os servidores da UFF foram convocados para vir aos sábados, que a escala de março já teria sido feita e que eles sequer tinham opção de se recusar a vir”, questionou Alessandra Primo, coordenadora geral do SINTUFF.A superintendência negou a obrigatoriedade e afirmou que a adesão será pactuada, respeitando a carga horária de cada profissional.
O SINTUFF cobrou garantias à reitoria de que ninguém será penalizado(a) por não aceitar o plantão aos sábados e nem excluído da flexibilização da carga horária para cumprir 40 horas. “Professor Fabio, eu quero a garantia que o servidor que cumpre a sua carga horária semanalmente, de segunda a sexta, lotados nesses setores da Enfermagem, que eles não sejam obrigados, não tenham salário descontado por não poder trabalhar aos sábados. Que apenas aqueles que tenham disponibilidade de trabalhar aos sábados, que se proponham, realizem esse trabalho que é fenomenal, que é salvar vidas”, inquiriu Alessandra Primo. “Tá, tem essa garantia”, respondeu o vice-reitor Fabio Passos.
PGD
A reitoria informou que o edital do PGD já estava pronto para publicação e que, neste primeiro momento, a adesão será restrita a setores administrativos. Clique aqui e confira o Edital no Boletim de Serviço da UFF 21-25. O SINTUFF questionou a exclusão de áreas assistenciais, ressaltando que técnicos(as) de enfermagem, radiologia e laboratórios e outros setores poderiam ser incluídos, tendo em vista que o trabalho presencial também é previsto no programa. “Poderia se implementar o (PGD) presencial dentro da demanda de atendimento que o paciente precisa. A gente tinha feito essa solicitação, que (isso) fosse conversado”, afirmou Bernarda Thailania, coordenadora do sindicato. A superintendência do HUAP afirmou que a ampliação para essas categorias poderá ser debatida futuramente, a partir da comissão formada para esta finalidade. O SINTUFF solicitou um espaço de diálogo com a comissão.
Condições de trabalho
As condições de trabalho no HUAP também foram alvo de críticas. O SINTUFF denunciou a escassez de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), além de falta de regularidade na reposição de materiais básicos, como gazes. Wagner Peres, coordenador do sindicato, afirmou que “os servidores relataram falta de máscaras N95, falta de roupa de cama, eu fotografei a maca com três retalhos”. A superintendência garantiu que há estoque suficiente para três meses de funcionamento do hospital, mas reconheceu falhas na distribuição e afirmou que revisará a logística para evitar desabastecimento. Também foi relatada pelo sindicato a relocação inadequada de bebedouros para áreas próximas ao descarte de materiais contaminados, fato este apresentado em vídeo durante a audiência. A gestão se comprometeu a verificar a situação do bebedouro.
Abono da greve
O abono de faltas do período da greve foi outro ponto abordado. A reitoria informou que os setores que responderam ao levantamento confirmaram que o trabalho represado foi cumprido e que, nesses casos, as faltas serão abonadas. O SINTUFF cobrou um canal para que servidores(as) que não tenham a situação regularizada possam recorrer. A reitoria recomendou que eventuais casos sejam reportados à Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGEPE) e afirmou que, após a publicação da lista de abonos, o sindicato poderá divulgar os contatos para reclamações. Esta pauta se referia a toda a categoria na UFF, não apenas ao HUAP.
Folga MARE
Outro tema discutido foi a Folga MARE, benefício que é concedido a servidores(as) que trabalham em regime de plantão, permitindo a compensação de dias trabalhados além da jornada regular. Por exemplo, pode ser aplicada quando um(a) servidor(a) trabalha em um feriado e tem direito a uma folga compensatória. A administração garantiu que a concessão do benefício está mantida, mas o SINTUFF relatou que servidores(as) demonstram preocupação com atrasos na marcação. A gestão assegurou que esse direito será respeitado.
Acessibilidade
O sindicato também denunciou problemas no acesso ao HUAP, relatando que a falta de estrutura tem prejudicado pessoas com deficiência e idosos(as), expondo-os(as) a riscos. Conforme foi relatado por Luiz Carlos Vieira, coordenador do SINTUFF e pessoa com deficiência, a entrada do hospital não possui um fluxo adequado para garantir a prioridade no atendimento, resultando em tumulto e situações perigosas. Luiz Carlos inclusive mostrou à superintendente uma foto desta situação. A superintendência reconheceu a necessidade de ajustes e afirmou que estudará a implementação de filas prioritárias para corrigir o problema.
Fixação de materiais
Outro ponto polêmico foi a restrição à fixação de faixas no hospital. O SINTUFF denunciou que a gestão do HUAP solicitou detalhes sobre o conteúdo de uma faixa antes de autorizar sua colocação, sem sequer formalizar esse procedimento, o que foi interpretado como censura. A superintendência negou a acusação de censura e alegou que há uma norma interna de 2018 regulamentando a fixação de materiais. O sindicato reforçou que a universidade deve ser um espaço democrático e que suas publicações sempre trazem identificação da entidade, o que assegura a responsabilidade pelo conteúdo divulgado.
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