O ex-presidente Jair Bolsonaro, confrontado por uma série de revelações decorrentes da Operação Veritatis da Polícia Federal, a qual expôs os planos de uma tentativa de golpe no país, optou por convocar uma manifestação para o dia 25 de fevereiro, na movimentada Avenida Paulista. Seu propósito era duplo: reverter as acusações sobre os crimes cometidos e demonstrar força política perante a opinião pública.
Governo do Estado de São Paulo infla números da manifestação
A contagem de participantes do evento, como de costume, tornou-se tema de intenso debate. O secretário da Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, fantasiosamente, divulgou uma estimativa de 750 mil pessoas. Já o Monitor do Debate Político no Meio Digital, um grupo de pesquisa da USP conhecido por seus métodos científicos de medição de multidões, sugeriu um número significativamente menor, aproximadamente 185 mil no auge do evento.
Apesar de não ter sido uma manifestação pequena ou inexpressiva, as expectativas dos organizadores foram superestimadas e a manifestação ainda não conseguiu gerar uma mudança substancial no panorama político. Para que atingisse números significativos, esta mobilização recebeu apoio financeiro e político do governo estadual de São Paulo, da prefeitura da capital paulista, além de parlamentares e de lideranças religiosas de extrema direita, como o pastor Silas Malafaia. O governador Tarcísio de Freitas e o prefeito Ricardo Nunes estiveram no palanque junto a Bolsonaro.
Bolsonaro admite existência da "minuta do golpe"
A despeito das controvérsias sobre o número de manifestantes, o evento foi uma tentativa do bolsonarismo de demonstrar sua força social. Ao mesmo tempo, Bolsonaro planeja se contrapor às robustas acusações de envolvimento em atividades criminosas, como o furto de joias, e de participação na conspiração golpista envolvendo parte da cúpula das Forças Armadas. Inadvertidamente, Bolsonaro, durante o próprio evento, reconheceu publicamente pela primeira vez a existência da "minuta do golpe", ao alegar que seria uma medida "constitucional".
Embora os principais analistas políticos da mídia convencional argumentem que a manifestação não terá impacto significativo no panorama jurídico envolvendo Bolsonaro, é importante ressaltar que o poder judiciário e o Supremo Tribunal Federal (STF) são influenciáveis pelo desenvolvimento dos fatos políticos em curso, como foi observado no caso da prisão e subsequente libertação do ex-presidente Lula e nas decisões perante a Operação Lava-Jato. Portanto, não há garantia de que Bolsonaro e outros envolvidos na suposta tentativa de golpe serão responsabilizados por seus atos. A intenção de Bolsonaro de buscar apoio popular e negociar uma anistia para os conspiradores pode ser bem-sucedida em um cenário de apatia e desmobilização por parte da classe trabalhadora, da juventude e dos movimentos sociais.
Mobilizar pela prisão de Bolsonaro e todos os golpistas
É preocupante permitir passivamente que o bolsonarismo ocupe as ruas impunemente para defender suas posições ultrarreacionárias, antidemocráticas e golpistas. É urgente organizar uma resposta eficaz aos golpistas, retomar o espaço público e impedir que a extrema direita golpista recupere seu ímpeto. A mobilização popular contra o bolsonarismo é essencial para evitar que os golpistas escapem das consequências de suas ações. Manifestações de rua unificadas por nenhuma anistia ao golpistas, pela prisão e confisco de bens de Bolsonaro e seus comparsas são uma necessidade premente, conforme defendido pelo SINTUFF em resolução aprovada em seu IX Congresso.
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