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Foto do escritorSINTUFF

Pela primeira vez feriado nacional, 20 de novembro é marco da luta antirracista

Atualizado: há 2 dias

No histórico 20 de novembro de 2024, o Brasil celebrou, pela primeira vez, o Dia Nacional da Consciência Negra como feriado nacional, uma conquista oficializada por decreto no final do ano anterior. Essa vitória, resultado de décadas de mobilização liderada pelo movimento negro, transcende a simples comemoração. É um chamado à reflexão e à luta contra as profundas cicatrizes do racismo estrutural que marcam a sociedade brasileira.


Apesar do avanço representado pelo feriado, a realidade insiste em expor as desigualdades que atingem a população negra. No contexto de uma sociedade moldada pelo capitalismo, persistem a exclusão, o preconceito e a violência, perpetuados em nome da exploração e do lucro. Não surpreende, portanto, que a institucionalização dessa data tenha enfrentado resistência, especialmente de setores empresariais. Sob a alegação de prejuízos econômicos, patrões pressionaram para alterar o feriado deste ano, originalmente previsto para uma quarta-feira, para a segunda-feira anterior. Essa estratégia reflete a tentativa de minimizar a relevância do 20 de novembro, revelando o racismo que rejeita a valorização da história e das lutas negras no país.


Racismo estrutural e genocídio da população negra


Os efeitos da escravidão e da abolição inconclusa permanecem visíveis nas condições de vida da população negra. Dados de 2023, divulgados pela Rede de Observatórios da Segurança, revelam que 87,8% das pessoas mortas por policiais no Brasil eram negras, um total de 2.782 vítimas. Esse número denuncia uma violência direcionada, onde a cor da pele se torna alvo do aparato estatal.


No mercado de trabalho, a desigualdade racial se manifesta em salários menores e taxas de desemprego mais altas. Segundo o Núcleo de Estudos Raciais do Insper, em 2024, trabalhadores negros receberam, em média, 42% menos que trabalhadores brancos. Entre as mulheres negras, a diferença salarial chegou a 40% em comparação às mulheres brancas. Além disso, a taxa de desemprego foi quase o dobro para mulheres negras (7,95%) em relação às brancas (5,35%).


A pirâmide social reflete essa desigualdade. Homens brancos compõem 56% do 1% mais rico da população, enquanto mulheres negras representam 50% do 1% mais pobre. Esses números evidenciam a estrutura perversa que mantém a exclusão racial e a exploração de trabalhadores negros e negras.


A luta pelo fim da escala 6x1


Neste 20 de novembro, outra batalha se intensifica: a campanha pelo fim da jornada de trabalho 6x1, que obriga trabalhadores a uma única folga após seis dias de trabalho. Essa rotina exaustiva é especialmente imposta à população negra, frequentemente ocupando os postos mais precários e explorados do mercado.


A luta contra essa prática desumana simboliza a resistência frente à herança da escravidão, que, mesmo abolida, deixou intacta a desigualdade econômica e social. Fim da escala 6x1 é sinônimo de dignidade e combate ao racismo estrutural que persiste no Brasil.


Reparações e mobilização permanente


O Dia da Consciência Negra é, antes de tudo, um dia de ação. A data representa uma oportunidade para intensificar a luta contra o racismo e todas as formas de opressão. É imprescindível avançar na implementação de reparações históricas e sociais, não como uma tentativa de apagar o passado, mas como um compromisso de enfrentamento à pobreza e à desumanização herdadas da escravidão e do colonialismo.


A primeira celebração do 20 de novembro como feriado nacional é um marco simbólico de resistência. Entretanto, ela exige mais do que celebração: exige mobilização para transformar o sistema que oprime a população negra. A busca por políticas estruturais contra o racismo, o fim da violência policial e a construção de uma sociedade igualitária são tarefas urgentes.


Transformar este feriado em um dia de luta é honrar a memória de figuras como Acotirene, Zumbi dos Palmares, Dandara e tantos outros que enfrentaram e ainda enfrentam a opressão no Brasil. A celebração é também um convite à ação coletiva, à construção de um futuro onde liberdade, igualdade e justiça sejam direitos plenos e universais.


Viva o Dia da Consciência Negra!


(Fonte: CSP-Conlutas)



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