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Foto do escritorSINTUFF

Queimadas, seca histórica e omissão do governo levam a saúde do brasileiro ao limite

Atualizado: 18 de set.

Por CSP-Conlutas


O Brasil vive mais uma catástrofe ambiental. Uma seca histórica é agravda pelo maior registro de queimadas dos últimos 14 anos. O resultado para o povo não poderia ser outro: adoecimento, aumento exponencial das internações e de mortes.

Atingindo cerca de 50 milhões de Km², cerca de 59% da área territorial brasileira, esta é a maior estiagem já registrada, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN).


A seca extrema facilita a propagação do fogo, que tem provocado os "rios de fumaça" que cobrem quase que todo o país. Mas o clima não é o principal responsável pelos mais de 164 mil focos de incêndio já registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE), em 2024.


Se a qualidade do ar chegou ao ponto da cidade de São Paulo ser avaliada como a pior entre todas as metrópoles mundiais é porque o agronegócio criminoso segue ateando fogo em plantações e regiões de mata.


Além de todos os problemas sociais e ambientais causados por esta prática, o tema da saúde pública vem à tona, em um momento em que o governo Lula segue impondo cortes e restrições de investimentos para atender ao Arcabouço Fiscal.


Impacto na Saúde pública


Entre agosto e setembro, a capital paulista registrou 76 mortes causados pela Síndrome Respiratória Aguda Grave. As internações foram 1.523. O aumento nos casos ocorreu durante a intensificação das queimadas. 


A relação entre ar poluído e problema de saúde é conhecida há tempos. Analisando a média entre 2010 e 2019, as queimadas na região amazônica causaram 15 milhões de casos de infecções respiratórias e doenças cardiovasculares.


Os custos com a Saúde seguem as cifras astronômicas. Ao todo foram gastos R$ 10 bilhões para atender as demandas. Os dados foram lançados em 2022 pela revista científica Communications Earth & Environment.


Divulgada no ano passado, uma pesquisa da FGV (Fundação Getúlio Vargas) apontou que as queimadas aumentaram em 23% a chance do brasileiro desenvolver uma doença respiratória. O índice aumenta para 38% se considerarmos apenas a região Norte.


Muito além da tosse


Quando se fala em danos à saúde causados pela poluição, as inflamações pulmonares e de vias aéreas são as mais comuns. Bronquite aguda, crises de asma, sinusite, conjuntivite e infecções de pele também são facilmente registradas.

No entanto, segundo estudo realizado na China, em 2022, os elementos químicos encontrados no ar após as queimadas aumentam significativamente o risco de arritmia cardíaca.


O Dióxido de Nitrogênio (NO2) foi constatado como o mais danoso ao coração. Ele é gerado principalmente pela queima de combustíveis fósseis e também está associado ao elevado número de casos de asma.


Segundo a renomada revista científica inglesa The Lancenet, a poluição do ar também está associada ao maior risco de uma pessoa sofrer com a demência, incluindo a doença de Alzheimer. 


A pesquisa já citada da FGV também apontou que a chance de um bebê nascer prematuro aumenta em 31% caso a mãe tenha sido exposta às substâncias poluentes. Já a possibilidade de uma criança nascer com peso abaixo do normal chega a 18,5%. 


A ação criminosa do agronegócio e a omissão do governo


No meio do caos atual, o presidente Lula anunciou que criará uma Autoridade Climática para lidar com a crise, no entanto a medida, ao que tudo indica, chega tardiamente. O processo de seca atual se arrasta desde a metade de 2023. 


No entanto, ao invés de se adiantar ao problema o Planalto caminhou no sentido contrário. A conciliação com setores do agronegócio segue a tônica da política e para agradar o setor o governo anunciou o maior Plano Safra da história, no valor de mais de R$ 400 bilhões.


Ao mesmo tempo, se negou a atender as reivindicações dos trabalhadores do setor ambiental, que atuam sem condições adequadas.


“Quando se trata de proteção aos biomas, este governo não traz avanços significativos. Não se combate os crimes ambientais sem o IBAMA e o ICMBIO que entraram em greve desde janeiro”, explica Waldemir Soares, do Setorial do Campo da CSP-Conlutas.

“Também não se combate a devastação sem os povos originários e tradicionais em seus Territórios. O que o governo federal faz é uma maquiagem para vender o Brasil como protetor do meio ambiente às vésperas da COP30”, denuncia.


A CSP-Conlutas reitera que a preservação do meio ambiente é fundamental para a saúde pública, em especial para aqueles que não têm acesso ao devido tratamento e se amontoam nos hospitais públicos.


Além de cobrar o governo Lula na celeridade para resolver os problemas das queimadas é fundamental derrubar a política do Arcabouço Fiscal que retira investimentos dos órgãos de Saúde e Ambientais.


Acima de tudo, se comprova mais uma vez: a defesa do meio ambiente está associada à luta contra o sistema capitalista e seus agentes, como o agronegócio, que, em nome do lucro, aprofundam cada vez mais a destruição da natureza.

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