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Superintendente acusa servidores(as) de terem “privilégios” em atendimento no HUAP e indigna representantes do sindicato

Atualizado: 21 de ago.

Audiência registrou momentos de desconforto e descumprimento de compromisso (Foto: Jesiel Araujo)

Um dos temas centrais da Audiência entre o sindicato e a gestão do Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP), na terça-feira (13), foi a questão dos atendimentos encaminhados pelo sistema de atendimento médico da UFF, conhecido com SAME. A reunião, realizada no Prédio Anexo do hospital, foi marcada por falas controversas dos gestores, que acusavam servidores(as) de terem “privilégios” no atendimento no HUAP ou indagavam o que os mesmos tinham de “especiais”. As declarações causaram desconforto e indignação na representação do sindicato, que manifestou rechaço e discordância global em relação a estas falas.

 

Em ata, reitoria se comprometeu com fluxo de atendimento

Em audiência junto ao SINTUFF, realizada no dia 29 de julho, a reitoria registrou em ata que estava “sendo estabelecido um fluxo para atendimento e controle interno do quantitativo de exames de servidores da UFF encaminhados pela CASQ/PROGEPE ao HUAP”. Contudo, o que parecia ser algo consolidado junto à reitoria da UFF, foi amplamente questionado sob insistentes queixas e argumentações da superintendente do HUAP, Verônica Alcoforado de Miranda, e do gerente administrativo, José Wilson Firmida Júnior. Em tom de reclamação, Verônica enumerou a quantidade de exames de laboratório, raio-X simples e endoscopia digestiva encaminhados ao HUAP pelo serviço médico vinculado à Coordenação de Atenção Integral à Saúde e Qualidade de Vida (CASQ).

 

Superintendente acusa servidores de terem “privilégios”


O gerente José Wilson citou uma fila de 10 mil pessoas para cirurgia de joelho no Sistema Único de Saúde  (SUS), sem relação direta com o HUAP, questionando “o que faz do servidor UFF, UFRJ, UERJ tão especial em relação a essas 10 mil pessoas?”, numa insinuação que os(as) servidores(as) públicos estariam tentando furar a fila de atendimento do SUS. A superintendente Verônica reforçou essa visão ao afirmar que “a gente não pode nem deve criar privilégios para quem quer que seja. Historicamente, há pacientes aqui dessa instituição que sempre estiveram aqui pela questão de serem funcionários da universidade”.

 

Sindicalistas rebatem acusação de “privilégio”


As falas injustas e discriminatórias foram imediatamente rebatidas pelos(as) representantes sindicais. A acusação de “privilégio” é falsa, sem comprovação, trata-se de ilação. Os(as) servidores(as) encaminhados pelo SAME não furam nenhuma fila nem recebem tratamento especial. Há espera para consulta, o(a) servidor(a) leva a guia com o encaminhamento e quando não há vaga o atendimento não é agendado. O(a) servidor(a) aguarda como qualquer outro cidadão, por meses em diversos casos.


A conselheira universitária Graça Garcia rebateu o gerente administrativo. “A gente concorda com a fila. A gente não pega vagas de pacientes. Existe um critério de classificação de risco. A gente tinha aqui um atendimento, um fluxo para os servidores, que não é especial. Nós também somos usuários do SUS”, afirmou a servidora. Bernarda Thailania, coordenadora do SINTUFF, respondeu a alegação da superintendente afirmando que “nós não somos privilegiados. A gente está falando de servidores que fazem a sua atenção básica no SAME e que, eventualmente, quando há necessidade de alguns exames ou alguma especialidade, são encaminhados para o Antonio Pedro durante toda a sua vida laboral”.


Marcia Carvalho, coordenadora do sindicato, alertou que a negativa de atendimento aos encaminhados pela CASQ precisa ser responsabilizada e lembrou que a reitoria assumiu um compromisso. “Para ser bem clara, mentiram pra gente, porque iam organizar um fluxo de atendimento. Se o médico descobre uma doença que precisa ser diagnosticada com exame de alta complexidade pra manter a sua vida e é negado aqui (no HUAP) alguém tem que ser responsabilizado por essa omissão. O SUS é universal, isso aqui é um princípio”.


Alessandra Primo, coordenadora do SINTUFF, salientou os objetivos do serviço médico da UFF e sua importância no suporte à força de trabalho da UFF e do HUAP. “A gente precisa avaliar o porque existe o SAME. Para promover a saúde e o bem estar do servidor, para que ele não adoeça em seu trabalho, não se ausente de seu trabalho e a instituição não sofra com a falta daquela força de trabalho. Prevenir a saúde do trabalhador é ter um trabalho de alta qualidade. Saindo do SAME, o servidor ou seu dependente, aonde ele vai ter assistência para os exames? Uma vez que o SAME é uma unidade da UFF, promovida pela CASQ, promovida também pela PROGEPE, pelo bem estar do servidor, mas ele não tem vínculo formal com o SUS. Ele vai realizar aqui no Antonio Pedro. O que a gente está questionando aqui não é passar na frente de ninguém. O que a gente quer é o direito de entrar nessa fila. É ter direito como toda a população aos atendimentos do Antonio Pedro”, afirmou a coordenadora.


Marcia Carvalho também rebateu a tentativa de carimbar servidores(as) como “privilegiados”. “A gente não é melhor do que ninguém. A gente presta assistência, estamos aqui servindo a população, mas não estamos imunes a doenças. É doloroso trabalhar aqui e não ser atendido aqui. Médicos, enfermeiros, psicólogos, só está lá (no SAME) quem pertence ao SUS. Eles são trabalhadores do SUS. Eles são classificados. O formulário que sai de lá nos dirige para aqui (HUAP), inclusive para a especialidade. Não encaminha para outro lugar”.


Apesar das falas em contrário, a superintendente insistiu em seu argumento que os(a) servidores(as) seriam “privilegiados”, com uma fala que contradiz o caráter universal do SUS, cujo “acesso às ações e serviços deve ser garantido a todas as pessoas, independentemente de sexo, raça, ocupação ou outras características sociais ou pessoais”. Verônica afirmou que “olhando a população em geral e o trabalhador da universidade, parece que o trabalhador da universidade goza de um privilégio que a população geral não tem”. E completou sua fala fazendo comparações descabidas entre o padrão de vida dos(as) servidores(as) e da média da população.


A respeito dos atendimentos, especialidades e exames encaminhados pela CASQ, a reunião foi um retrocesso ao que já havia sido pactuado com a reitoria. A gestão do HUAP não repassou qual seria o fluxo de atendimento antes pactuado e atacou moralmente a categoria. O único aspecto positivo nesta pauta foi a superintendente afirmar que pacientes no curso do tratamento não voltam à rede de saúde e que essa é a orientação formal do hospital. Contudo, o SINTUFF recebe relatos diversos em contrário. “De uma hora para outra, nós tivemos pessoas que tiveram esses atendimentos simplesmente suspensos. A nossa ideia é procurar uma solução para que essas pessoas não percam isso”, afirmou Bernarda ao descrever relatos de servidores(as).

 

Cobrança à reitoria para que se cumpra o acordado


O SINTUFF cobrará junto à reitoria o fluxo de atendimentos registrado na ata da audiência do dia 29 de julho. Opiniões individuais dos gestores do HUAP não podem estar acima de compromissos assumidos e nem distorcer o caráter universal do SUS. A universalidade inclui atender também os encaminhamentos feitos pelo SAME, assim como de qualquer outra unidade de saúde do setor público.

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