Antonio Claudio e Fabio Passos protagonizaram episódios de bajulação ao governo
Durante o atual mandato à frente da reitoria, Antonio Claudio e Fabio Passos alternaram em episódios constrangedores de bajulação a um governo inimigo declarado das universidades públicas, da pesquisa e da ciência e posições omissas e condescendentes com políticas privatistas do Ministério da Educação (MEC). Soma-se a isso a ferocidade da atual reitoria em atacar direitos dos servidores, muitas vezes em posições mais agressivas que as exigidas pelo próprio governo e seus órgãos de controle.
Assessoria militar para “puxar saco” de Bolsonaro
Em fevereiro de 2019, de forma bajulatória ao militarismo do governo Bolsonaro, o reitor Antonio Claudio publicou portaria que criava uma assessoria militar ao Gabinete do Reitor na UFF. Tratava-se de algo inédito, que não ocorreu nem mesmo durante o regime militar, uma medida que feria completamente a autonomia universitária. A repercussão negativa junto à comunidade universitária, ao Conselho Universitário (CUV) e a pressão dos movimentos sindical e estudantil forçaram o reitor a recuar dessa inconcebível medida. A portaria não fazia o menor sentido enquanto contribuição acadêmica para a UFF, apresentava justificativas vagas e abstratas, e tratava-se tão somente de sinalização política favorável ao governo então recém-eleito.
Censura na Faculdade de Direito
Em setembro de 2019, juristas de todo país se reuniram na Faculdade de Direito para um evento que debateria a extensão e a gravidade das violações legais promovidas pela atuação do ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, à frente dos processos da Operação Lava Jato. O Ministério da Educação do governo Bolsonaro tentou censurar o evento sob alegação que se tratava de atividade "político-partidária".
Não surpreendia a postura do governo, que sempre impulsionou projetos antidemocráticos como o “escola sem partido” e tentou sistematicamente atacar a credibilidade das universidades públicas. Contudo, a reitoria de Antonio Claudio e Fabio Passos, empenhada em cumprir as ordens do governo, enviou ofício à direção da Faculdade de Direito determinando a não realização do evento. Para o constrangimento do reitor e do vice-reitor, o poder judiciário concedeu liminar que garantiu a realização do evento.
Flerte com o Future-se
O governo genocida lançou ainda um projeto de mercantilização das universidades federais denominado Future-se. O Future-se distorcia o conceito de autonomia universitária, transformando-o em “liberdade” para arrecadação de seus próprios recursos. A proposta do governo trazia para as universidades um modelo de gestão similar ao das Organizações Sociais (OSs) e da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), o que acarretava em futuros prejuízos para carreira e esvaziamento do quadro de servidores. Os constantes bloqueios de recursos que estrangulam a educação federal já eram o prenúncio do que estava por vir com o Future-se.
Enquanto a maioria dos reitores e os movimentos estudantil e sindical se pronunciavam de forma enfática contra o Future-se, Antonio Claudio dava declarações que flertavam com o projeto. Em entrevista ao Observatório do Conhecimento, o reitor afirmou que se tratava de “um projeto interessante de conhecer mais detalhes” e fez questão de destacar aspectos positivos da proposta. O ex-reitor Sidney Mello, seu antecessor e aliado político, posou de garoto-propaganda do Future-se ao lado do então ministro Abraham Weintraub. A posição da UFF contra o projeto se deu por decisão do CUV sem uma palavra contrária do reitor ao Future-se . Estava bastante óbvio o interesse de Antonio Claudio pelo modelo mercantilista proposto pelo governo. Uma defesa mais franca do projeto somente não se dava pelo rechaço geral da comunidade universitária.
Esse comportamento submisso e omisso frente ao governo se estendeu por toda a gestão. Em diversas universidades, reitores participavam ativamente de manifestações em defesa da universidade pública, como os protestos do “tsunami” da educação. Já Antonio Claudio se manteve alheio e distante, mesmo quando a UFF era uma das protagonistas dos processos das mobilizações, como no “tsunami”.
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